Crónica 1 Crónica 2 Crónica 3 Crónica 4 Crónica 5
Crónica 4 – extraída de “Adágio”, nº16 – Janeiro de 1983
[…] Neste bairro loução de gente verdadeiramente comunicativa e hospitaleira, principalmente os nele nascidos e os que a ele se aliavam por laços de amizade, e o tornavam numa verdadeira família, sentem certamente como eu, o aparecimento de todo o desenvolvimento e todo o seu efeito de salutar sanidade.
Bem … de sanidade não nos podíamos queixar muito, lá isso é verdade, sim porque .. o nosso bairro era uma grande zona verde, pejadinha de oliveiras(daquelas que até dão azeitonas) e todas elas se podiam gabar de ter a sua grande frente, sim … frente – uma respeitável frente – … porque na parte de trás era onde as pessoas se acocoravam e de lá saíam mais aliviados que era um regalo, dessa não tenham a menor dúvida.
E ainda por sanidade … pasmai oh gentes! – algumas das casas existentes, autênticos pardieiros, eram equipadas com uma velha pia na cozinha, que servia para tudo e mais alguma coisa e cujos esgotos iam dar a fossas sépticas colectivas.
Era um “amor”, de madrugada, para as pessoas, que por missão dos seus afazeres, tinham de por ali passar e assistir à trasfega de tão perfumado produto para uma carrocinha chapeada com uma tampinha em cima e que nem valia a pena tapar para receber, aqui e ali, o recheio dalgumas casas, que nem pia tinham, com o pobre do jumento que a puxa e o empregado camarário plenamente conformado talvez, quem sabe, já imunizados contra tal pivete.
Se calhar ninguém se lembrou de erguer monumento a tais funcionários. Sempre se faz cada injustiça neste mundo .. paciência.
Aproveitando a conversa de tão requintado assunto, e isto é apenas uma alusão e não uma carapuça … pois a coisa para alguns não deveria ser tão má como estamos a supor, chegou a haver nos nossos célebres bailes campestres, quem cinvidasse os pares ao bufete anunciando que havia lá bolinhos fresquinhos como m…. Não, não digo porque o Adágio não deve estar sujeito a estes “mimos”.
Claro, que eu acredito que aquilo fosse dito por graça … mas aconteceu.
Isto é que é uma conversa, hem ? Mas também lhes garanto … que se por obra e graça de quem tal poder tivesse, dar ao que se escreve o aroma que o tema concerne, muito poeta era divulgado e bastante requisitado, mas também a esta hora muita gente estava concerteza apertando o nariz.
Por hora chega … Basta de tanto adubo para tão pouca cultura
Henrique Ramos Pais